quinta-feira, 29 de maio de 2008

Células-tronco são capazes de gerar, potencialmente, qualquer tecido do organismo



Células-tronco são capazes de gerar, potencialmente, qualquer tecido do organismo
Sempre atenta às inovações e às melhores oportunidades para os associados e familiares, a ABCD assina convênio com a maior empresa de Criobiologia do país, a Cryopraxis, para coleta e armazenamento de células-tronco
Graças à parceria firmada recentemente pela Associação Brasileira de Cirurgiões-Dentistas, ABCD, seus associados e familiares já podem armazenar as células-tronco do sangue de cordão umbilical. Por meio do convênio assinado em 4 de julho, a Cryopraxis se compromete a não cobrar dos associados da ABCD o valor referente à primeira anuidade de uma bolsa, que seria devida em razão da contratação do serviço de coleta e armazenamento de células-tronco, sob regime de criopreservação de sangue do cordão umbilical. Além disso, os associados da ABCD receberão desconto de 10% nas futuras anuidades cobradas para a manutenção do armazenamento.Em entrevista ao APCD Jornal, a gerente de desenvolvimento da Cryopraxis, Silvia Azevedo, explica detalhadamente o que são as células-tronco, quais são suas funções e como é feita a coleta e armazenagem do sangue do cordão umbilical do bebê no momento do parto.

APCD Jornal — O que são células-tronco?
São células primitivas capazes de gerar, potencialmente, qualquer tecido no organismo. A célula-tronco é objeto de intensas pesquisas hoje, pois poderiam no futuro ser uma excelente fonte para a medicina regenerativa, funcionando como células substitutas de tecidos lesionados ou doentes. Essas células já possuem aplicações reais como no tratamento de leucemias, neuroblastoma, retinoblastoma, linfomas dentre outras e são cada vez mais indicadas para novas doenças. Se levarmos em consideração os avanços na medicina regenerativa, que é aquela que visa a estimular a habilidade do próprio organismo de reparar danos causados por patologias, traumas e pelo próprio envelhecimento, veremos que o potencial dessas células é ilimitado. Já existem relatos da utilização de células progenitoras do sangue de cordão na regeneração de tecidos ósseos, cartilagem, no tratamento de diabetes, de doenças cardíacas e de lesões do sistema nervoso.
APCD Jornal O que é o sangue de cordão umbilical e placentário e por que ele é tão especial?
O sangue do cordão umbilical é aquele material que levava nutrição ao bebê durante a gravidez e por isso, responsável por dar as condições necessárias à formação da criança. Este sangue é rico em células-tronco. Por serem mais jovens (possuem a idade do bebê de quem foram colhidas), as células do sangue do cordão umbilical são mais poderosas, possuem maior capacidade de regeneração, são colhidas do cordão e da placenta que seriam descartadas e, portanto, não levam riscos para sua obtenção, além de não terem sido submetidas a fatores ambientais que impeçam o seu uso no futuro, já que estarão armazenadas em segurança na Cryopraxis. A decisão de armazenar essas células é como se os pais estivessem guardando uma "peça de reposição" totalmente compatível com o seu filho para ser utilizada no futuro, caso haja dano na "peça" original.
APCD Jornal — Como é feita a coleta?
A coleta é feita no momento do parto. Logo após o nascimento do bebê, um profissional treinado (em alguns casos o próprio obstetra), retira uma quantidade de sangue do cordão umbilical, sem qualquer tipo de sofrimento ou risco tanto para o bebê quanto para a mamãe.
APCD Jornal — Por quanto tempo esse material pode ficar armazenado? Como é feita a armazenagem?Em amostras armazenadas há mais de 30 anos para pesquisas, não foi observada perda de células, ou seja, elas estavam viáveis para uso. Por falta de histórico (tempo) não podemos afirmar que as células estarão viáveis por tempo ilimitado, mas a expectativa pelos resultados demonstrados é de que esse material tenha validade indeterminada, desde que preservados em condições rigorosamente controladas. Na Cryopraxis, há sistemas e controles que garantem a segurança dos níveis de nitrogênio nos tanques, da temperatura e condições ambientais das amostras congeladas, assim como dos dados das amostras contidos nos nossos computadores. Mesmo em caso de falta de energia elétrica o sistema funciona perfeitamente. Os dados informatizados são mantidos ainda em backup seguro e fora das instalações da Cryopraxis como uma dupla garantia ao cliente.
APCD Jornal — Quais as vantagens de se guardar o sangue do cordão umbilical e placentário?
É como um "seguro da vida". A decisão de armazenar essas células é como se os pais estivessem guardando uma "peça de reposição" totalmente compatível com o seu filho para ser utilizada no futuro, caso haja dano na "peça" original. A compatibilidade deste material preservado do seu filho, para uso do seu próprio filho é de 100%. Em alguns casos de transplante de medula, por exemplo, a busca por um doador compatível pode ser longa, dolorosa e cara. Em casos como esse, e futuramente para o tratamento de outras doenças, é possível recorrer ao seu próprio material perfeitamente preservado. E totalmente compatível, sem qualquer risco de rejeição.
APCD Jornal — Existe algum tipo de restrição ou situação em que a coleta não deve ser feita?
Existe uma portaria da vigilância sanitária que regulamenta todas as questões referentes a essa prestação de serviço. O que é importante frisar é que a decisão de armazenar as células-tronco deve ser tomada o quanto antes. Apesar de ser possível contratar os serviços da Cryopraxis até praticamente a véspera do parto, o melhor é que os pais procurem a Cryopraxis no período dos exames pré-natal, assim eles poderão obter mais informações dos benefícios desse procedimento, de alguns fatores que poderiam impedir a coleta e de quais são os passos para a contratação do serviço.
APCD Jornal — Existe alguma desvantagem ou risco para a mãe e/ou bebê?
Não há nenhum risco. A coleta é feita de um material que seria jogado fora e é realizada logo após o nascimento do bebê, enquanto ele recebe os primeiros cuidados do pediatra que acompanhou o parto.
APCD Jornal — O procedimento é muito caro? Paga-se apenas pela coleta ou pelo armazenamento também?
Depende do que consideramos caro. Atualmente o procedimento de coleta incluindo a primeira anuidade custa cerca de R$ 4.600 e as demais anuidades aproximadamente R$ 600 [exceto para associados da ABCD que têm a coleta e a primeira anuidade gratuita]. Considerando que se alguém precisar de um doador compatível no Brasil e somente encontrar (se encontrar) em um banco internacional deverá pagar para trazer (importar) a amostra U$ 30.000, esse valor se torna barato.Devemos também levar em conta que esse material é único, só aquele bebê tem 100% de compatibilidade com o material. Já os irmãos de mesmos pais (essa é a melhor condição para se encontrar compatibilidade), têm somente 25% de compatibilidade. Imagine se você tiver de procurar algum doador compatível na amostra geral da população. Essa compatibilidade pode ser difícil chegando à proporção de 1 em 40 mil doadores.Para se ter uma idéia da dificuldade na busca de doadores compatíveis, nos Estados Unidos já existem 6 milhões doadores de medula óssea e 100 mil amostras armazenadas de sangue de cordão umbilical para doação, no entanto de 20 a 40% dos pacientes que precisam de doadores não encontram amostras compatíveis nesse universo.
APCD Jornal — Quais problemas de saúde podem ser combatidos de fato com o uso das células-tronco armazenadas?
Atualmente, além do transplante de medula para tratamento de leucemias, linfomas, neuroblastoma, retinoblastoma, mieloma, as pesquisas com células-tronco mostram resultados promissores na regeneração de tecidos ósseos, cartilagem, no tratamento de diabetes, de doenças cardíacas, de lesões do sistema nervoso dentre outras.
APCD Jornal — Se com o passar do tempo os pais não quiserem mais armazenar o material, este é destruído ou é doado para o Banco Nacional?
Se os pais não quiserem continuar com o armazenamento deverão solicitar formalmente à Cryopraxis a doação ou o descarte do material. Isso é regulamentado pela portaria da ANVISA.
Flávia Travaglini
Setembro 2007Ano Nº 42 - Nº 605

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